quarta-feira, setembro 23, 2015

Amizades de tempos e sem tempo

Por Gislene Razini


Esta semana, eu me deparei com uma amizade inusitada, onde a opinião de cada uma das amigas que estavam na roda da mesa de um bar, marcava bem a geração em que nasceram. A conversa? Era sobre tecnologia. Roberta, Duda e Carmem comentavam sobre lidar com as novas tecnologias e do bem que elas trouxeram a vida das pessoas - ou não.

Carmem diz "Não sei o que essa meninada tem tanto pra ver nesse celular, chama e chama ninguém responde. Deviam concentrar no trabalho e não na máquina". Ela nasceu em 1964, e cresceu em um período que mandava quem tinha poder e obedecia quem tinha juízo. Focada no trabalho, durou anos nos empregos por onde foi contratada. Também tinha os pensamentos longínquos e aquela vontade de se libertar, um vestígio da era “paz e amor”.

A Duda rebate os comentários de Carmem, porque gosta das máquinas e considera a melhor invenção do mundo. "Carmem, entenda que sem elas você não poderia ver seus filhos que moram longe, pense bem na sua netinha. Assim você sabe até a cor dos olhos dela", fala Duda. "Mas ia ser até melhor sem máquinas. Os meus filhos viriam até aqui", Carmem finaliza.

Duda nasceu em 1989 e a sua infância de vídeo cassete pulou para a adolescência dos DVDs e Windows 95 revolucionando toda uma geração. Aprende fácil, é ágil, já passou por uns seis empregos desde que completou 16 anos. A era touch é sua melhor amiga e não vive sem wi-fi.

Uma opinião um tanto conservadora é a de Roberta, nascida em 1976, gerente de uma empresa há dez anos, batalhou para conseguir o cargo. Ela é competitiva e estuda cursos presenciais de aperfeiçoamento, porque considera os cursos online um aliado da preguiça.  "Gosto até da internet, eu tenho WhatsApp, Facebook. No trabalho, eu penso que facilita as transferências e contatos, mas ainda é melhor lidar com tudo tradicionalmente pra ninguém se perder, a net distrai e eu exijo concentração dos meus colegas", expõe Roberta.

Olho para o relógio e “meu Deus” a hora passou voando, 20 minutos aqui ouvindo essa conversa. Nasci em 1997 e não tenho paciência. Eu poderia ter feito muitas coisas nesse tempo, como estar conectado em todas as redes sociais do meu celular enquanto ouvia músicas com fone de ouvido para não escutar mais ninguém, idealizar um blog, site, criar uma página na internet, interagir com os grupos do WhatsApp. Tudo isso porque eu sou da geração do aqui e agora, e tenho problemas de relacionamento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário