quarta-feira, setembro 23, 2015

Quem não se adapta às tecnologias fica para trás


Por Carolina Ignaczuk
Quando se é um pouco mais nova, é difícil entender por que algumas pessoas não pensam como nós. Com os meus 16 anos, vivia me perguntando: “por que os mais velhos fazem tudo do jeito mais difícil?”. A cabeça de menina não compreendia que uma geração nasce a cada dez anos e que isso significa ter que conviver (e isso inclui trabalhar) com pessoas que são diferentes de mim.

As gerações costumam ser divididas de acordo com as tecnologias que foram desenvolvidas em cada época. Essa divisão torna-se uma realidade no mercado de trabalho e por sinal, é muito difícil lidar com ela. Só fui bater de frente com esse “problema” em 2013, quando comecei a trabalhar em uma escola de idiomas. Para mim, era mais fácil lidar com o público do que com os colegas de trabalho.

Os meus superiores eram típicos da geração X: prezavam pela hierarquia da empresa e possuíam boas ideias, porém, o medo falava mais alto na hora de colocá-las em prática. Os demais funcionários eram uma mistura de letras, X, Y e BB (Baby Boomers) por toda parte. Eu, uma autêntica Z (impaciente e individualista), me sentia deslocada nesse alfabeto e me perguntava várias vezes durante o dia: “o que eu estou fazendo aqui mesmo?”.

A forma de vender os cursos me parecia de outro planeta. Recebíamos um treinamento, onde éramos obrigadas a decorar um roteiro, que repeti tantas vezes que não consigo contar. Em nossa meta, precisávamos fazer 50 ligações por dia e se não houvesse contatos suficientes, a lista telefônica era a solução. E-mails com promoções eram enviados diariamente e panfletos nas ruas do centro da cidade eram distribuídos. Mesmo com toda essa divulgação – que aos olhos dos proprietários era a correta – ainda assim, a escola vivia vazia.

Bati o pé inúmeras vezes. “Menina mimada, você não sabe o que está falando”, era o que eu mais ouvia. Toda iniciativa diferente era vetada e eu ficava cada vez mais frustrada. É difícil bater de frente com gerações que não acreditam em suas ideias só porque você é mais nova que eles. Minha teimosia era vista como desculpa para não trabalhar, enquanto eu insistia que ninguém gosta de receber ligações em um sábado pela manhã, ainda mais se for de alguém vendendo alguma coisa.

Esse é o erro de muitas empresas: acreditar que não precisam se adaptar às mudanças da geração atual. Atualmente, trabalho em um local que respira tecnologia e só tem funcionários da geração Y e Z. E ah... o que aconteceu com a escola que não se atualizava? A mesma coisa que acontece com todas as empresas que se recusam a se adaptar: faliu.

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