quarta-feira, outubro 28, 2015

As novas gerações e a relação entre a vida virtual e a real

Por Flávia Amâncio          
      
Quando eu era criança brincava de soltar pipa com meus irmãos, de esconde-esconde com meus vizinhos, de balanço no parque próximo da minha casa. Estou falando sobre brincar ao ar livre, interagir com pessoas, trocar não só palavras mas olhares, contatos, sorrisos. Essas são experiências que muitos jovens nascidos na geração Z pouco desfrutaram, e que as crianças da Alpha dificilmente conhecerão.

A violência e o volume de ocorrências policiais hoje são muito mais significativos do que na infância dos meus avós ou meus pais. Naquele tempo, não havia tanto temor em deixar os filhos correndo por aí, nem havia tanta tecnologia para manter os pequenos entretidos dentro de casa.

As crianças da atualidade nascem conectadas: jogos on-line, videogames, tablets infantis, smartphones kids. Tudo é feito pensando nessa nova geração que cada vez mais procura uma telinha touchscreen para brincar. Porém, essa conectividade com tudo e todos se tornou uma faca de dois gumes. A internet afastou muitas pessoas da relação empírica com as coisas, das experiências reais.

Diferentemente dos nossos antepassados recentes, que procuravam diversos caminhos para chegar ao conhecimento – livros, vivências, mestres –, o desafio dos “hiperconectados” em relação ao saber começa por filtrar o que é relevante para si levando em consideração tudo o que já foi visto, dito e criado. E com a quantidade de conteúdos disponíveis na rede mundial de computares, é muito fácil se perder numa enorme teia de informações.

Por isso, hoje, o grande paradoxo dos nascidos na geração X, como eu, e das demais a frente (Y e Alfa), é a de alcançar a harmonia entre o mundo real e o virtual para que os benefícios da rápida ascensão da tecnologia sejam usufruídos sem que se percam os saberes antigos e, por vezes, os mais simples, como valorizar uma boa conversa à mesa ou folhear as páginas de um livro.

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