quinta-feira, outubro 01, 2015

Quando as brincadeiras passam dos limites

Por Pâmela Consenso

Recentemente, o ator Stênio Garcia teve suas fotos íntimas com a mulher vazadas na internet. O fato nos alerta para um assunto muito importante: o crime cibernético. Em dois anos, o número de vítimas de vazamento de fotos quadruplicou no Brasil. No ano passado, 224 pessoas procuraram o serviço de ajuda da SaferNet, organização de defesa de direitos humanos na web, para denunciar o crime online conhecido como "revenge porn" - pornografia de vingança. Já em 2012, 48 casos haviam sido registrados pela entidade.

No entanto, a divulgação sem autorização dos conhecidos “nudes” pode gerar problemas bem maiores do que um simples constrangimento. O crime, que atinge em sua maioria mulheres, afeta profundamente o psicológico da vítima, que é culpabilizada por ter enviado ou mesmo tirado as fotos. Mas o que deve ficar claro é que o culpado é sempre quem divulga as imagens, e não quem as enviou. E com tantos julgamentos, em alguns casos, o suicídio se torna a única maneira de escapar de todo aquele transtorno.

O estudante Ricardo* conta que antigamente o hábito de enviar fotos íntimas era quase que diário. No entanto, só mandava as fotos se recebesse também. E nunca mostrava o rosto. “Em casos de vídeos, nunca falava nada também. Evitava sempre emitir qualquer tipo de som”, conta.  A troca de nudes, para ele, é algo mais ligado com a curiosidade de saber como é o corpo da pessoa com quem está em contato. Atualmente, por ter uma vida mais corrida, não costuma trocar fotos com tanta frequência e se indigna com as pessoas que divulgam a intimidade alheia.  “Não acho que raiva ou brigas sejam motivos reais pra vazar a foto de alguém que confiou na pessoa x. Eu de fato gostaria que mesmo que já existam algumas leis, existissem algumas mais rígidas ainda pra esses casos, porque é o tipo de coisa que pode acabar com a vida de outra pessoa” argumenta.

Rafael* é totalmente adepto da troca de nudes. Mas só manda se a outra pessoa mandar primeiro e se já estiver tendo uma conversa antes. E, como todos os amantes das fotos íntimas, também preserva sua identidade não mostrando o rosto. “As fotos são uma boa forma de se sentir com a pessoa desejada, mas sentiria muita vergonha se um dia minhas fotos vazassem e descobrissem que a pessoa das imagens sou eu”, explica.

Qualquer pessoa que esteja conectada ao mundo online está exposta aos perigos de um crime cibernético. Mas o que fazer quando se tem a intimidade exposta na internet? Além de solicitar a remoção aos sites em que o conteúdo está alojado, é possível usar a lei a seu favor, já que qualquer forma de exibição não autorizada de alguma pessoa é considerada crime e pode ser combatida na justiça. Não compartilhar esse tipo de conteúdo já é uma boa maneira de ajudar a
combater a viralização do conteúdo ilegal. É importante lembrar de que você não gostaria de estar no lugar de quem está sendo ridicularizado, por isso não esteja também do lado do ofensor.

*Os nomes foram alterados para preservar a identidade dos envolvidos.

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